
O Cisco
(Baaribu Nonato)
Tanto já foi dito nas canções
Sobre amor, felicidade, beleza
Alegria, tristeza, política, ecologia
Qualidade, costumes, sentimentos e coisas.
Volto-me então para falar de um cisco
Que girava no ar feito um disco
Talvez por isso
Meu pensamento num trisco
Caiu num abismo
Dentro dele
Um infinito
Por fora não visto, a perguntar:
Como fez-se mundo, na menor coisa existente?
Daí pude saber, tudo cria-se na mente
Entre tempo e espaço
A dimensão terceira
Apresenta o universo
Como se tivesse beiras
Na milionésima quinta dimensão
Vejo eu fundo num cisco
Incontáveis vidas outras
Engolindo um quando pisco
Deus comigo viajando
É maior que tudo isso
Por incrível que pareça
Também coube neste cisco.
Lá num tempo vi ainda
Nada começa ou finda
Energia e consciência
Em forma de gente
Indigna-me
O desprezo feito a olho nu
Sobre aquilo que julgamos
Não ter valor algum
Tudo, tudo tem sentido
Aquilo que contém
É também contido.
Sem limite, sem tamanho
Fico mais compreensível
Fecho os olhos limitados
Abro a mente ilimitada
Feito asas, voa aberta
E cai se estiver fechada.
Deus ainda junto a mim
Ofertou-me três pedidos
Assim quando pousássemos
Todos fossem se cumprindo
Primeiro escolhi possuir o conhecimento de todo universo
Segundo, o poder para usar e mudar se eu bem quisesse
Pousamos numa clareira e cumpriu-se o que fora pedido
Fiz o terceiro que deixou-me como antes de ter entrado.
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